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sexta-feira, 14 de julho de 2023

O PARASITA DA AUTO-DESTRUIÇÃO

 

"Não que este país seja o único a “beneficiar” de tal intervenção. É apenas um de uma longa lista de países destruídos e auto-destruídos por acção imperial. Contudo, neste caso, estamos perante uma operação de falsificação histórica de proporções monumentais. A história deste país é a história da expansão de um parasita social, que se expande de oeste para o centro, auxiliado por uma mão invisível, que cria as condições para que essa infecção se espalhe com a maior intensidade e velocidade possíveis."

Hugo Dionisio


O PARASITA DA AUTO-DESTRUIÇÃO
A história do “país 404” – este “404” roubei-o a Andrey Martyanov - é uma história de sucesso. A situação absolutamente trágica em que se encontra este país e o seu povo, arrastado para a morte todos os dias, aos milhares, em nome dos interesses alheios, obscuros, xenófobos e corruptos que o dominam, constituirá, no futuro, um estudo de caso sobre “métodos de contágio dos povos por doenças que os fazem operar contra os seus próprios interesses”.
 
 
Não que este país seja o único a “beneficiar” de tal intervenção. É apenas um de uma longa lista de países destruídos e auto-destruídos por acção imperial. Contudo, neste caso, estamos perante uma operação de falsificação histórica de proporções monumentais. A história deste país é a história da expansão de um parasita social, que se expande de oeste para o centro, auxiliado por uma mão invisível, que cria as condições para que essa infecção se espalhe com a maior intensidade e velocidade possíveis.
 
Para se afastar qualquer dúvida sobre a minha visão do país “404”. A imagem que guardo deste país é constituída pelos seguintes vectores: No tempo da URSS este país era uma – senão a mais – economia dinâmica e pujante (a 10ª da Europa); do ponto de vista social era um país diverso, avançado nos costumes e nas artes, cheio de talento no desporto (os melhores futebolistas da URSS) e dava guarida a algumas das mentes mais brilhantes e criativas da ida superpotência. Mesmo depois de 1991, com todas as dificuldades, este país conseguiu manter uma parte importante da estrutura industrial, militar, científica, académica e pública herdada. Um povo inteligente, criativo, combativo e lutador. 
 
Dizem as rezas neoliberais, sociais-democratas e reaccionárias, que o povo do país “404 odeia o “comunismo”, pois foi por ele atacado na sua alma, identidade e corpo.
 
 O “Holodomor” teria deixado marcas indeléveis na alma deste povo que o fazia querer revoltar-se contra o “comunismo” e, já agora e muito convenientemente, contra o seu irmão maior, seja ele “comunista” ou já capitalista. Um ódio “visceral” a tal ponto que os levou a embarcar nos ideais nazis de Bandera, o que nem fazia mal, porque do outro lado está o “comunismo”, que tão mal lhes fez. Este é o filme criado nas mentes ocidentais. Não é o filme verdadeiro, não é o filme histórico. É o filme da propaganda inspirada em Goebbels, construído por quem deu emprego a muitos dos seus seguidores, acabada que estava a segunda guerra mundial.
 
Para o desmascarar, mais não é necessário do que aceder aos estudos do Ucraniano de seu nome Dr. Vasylchenko ( www.vasylchenko.in.ua ), cujos trabalhos foram publicados pela Comissão Eleitoral Ucraniana ( https://cvk.gov.ua/en ) no período em que o seu site estava em construção (até à semana passada). Embora o historial eleitoral feito, quer por Vasylshenko (em Russo, veja-se bem), especialista em “geografia eleitoral”, quer pela Comissão Eleitoral, apenas remontem até às legislativas de 1998, é possível extrair de um dos textos esta ideia: “Desde o final da Republica Socialista Soviética da Ucrânia até 1998 (onde começa o histórico), as eleições foram sempre dominadas pelo Partido Comunista da Ucrânia”. O mais conhecido presidente, até à “revolução Laranja” foi Leonid Kuchma, que presidiu o país entre 1994 e 2005.
 
Sem branquear os erros que possam ter sido cometidos por Kuchma e pelo PCU neste período, embora todos saibamos quem tem por costume acusar líderes inconvenientes de corrupção e como acabam essas acusações, a verdade é que ainda em 2002 (já depois da reforma eleitoral imposta pelos EUA e aliados), o PCU continuava – em queda – a ser o mais votado da Verkhovna Rhada, com 100 deputados e liderando o Governo e controlando a presidência. A diferença de 1998 para 2002 é que o “Movimento Popular da Ucrânia” ou o bloco “a nossa Ucrânia” (partidos populistas de direita nacionalista), conseguiu aumentar a votação em Kiev e arredores, destronando o PCU para Odessa, Donbass e Kahrkov, e tudo no meio dominando quer pelo PCU (Kherson, Odessa, Dnipropetrovsk) ou pelo Partido Socialista da Ucrânia. Em 1998, o Movimento Popular da Ucrânia apenas ganhava na Galícia.
 
Conclusão: o povo Ucraniano odiava tanto o “comunismo” que elegeu sempre os seus quadros políticos até 2002, e não só. Ainda em 2014, a Região de Odessa era governada pelo PCU. Era este o ódio que o povo Ucraniano tinha do “comunismo”. E porque não elegia o PCU na região da Galícia? É aqui que a treta do Holodomor cumpriu o seu papel. A 5ª e ultima grande fome que o Império Russo e a URSS sofrem em 30 anos, foi revista pelos EUA como uma “fome provocada para punir a Ucrânia”. Nunca explicaram onde estão as provas dessa intenção, nem porque razão só no século XX tinham havido outras 4 fomes do tipo, ou porque razão morreram tantos russos e bielorussos como morreram ucranianos. Mas foi na região menos Ucraniana, mais vulnerável, portanto, à propaganda Russófoba e xenófoba fabricada por impérios que sempre quiseram pilhar os recursos naturais russos, que a aldrabice mais pegou. O resto, foi uma questão de tempo.
 
A Galícia, região mais a oeste da Ucrânia e considerada hoje o berço do Nacionalismo Ucraniano é a única que nunca foi Ucraniana. Afinal, a Ucrânia era o nome a que os Russos, o Império Russo, davam à região fronteiriça entre Império Otomano, Austro Húngaro, Comunidade Polaco Lituana, e Húngaro. De todas as partes que hoje compõem a Ucrânia, a Galícia é a única que nunca foi Ucraniana, portanto, ou seja, do Império Russo que baptizou a região. A Galícia foi sempre Polaco-lituana, Hungara ou Austro-Húngara, apenas se tornando Ucraniana entre 1939 e 1945. Ou seja, foram os “comunistas” que tornaram a Galícia Ucraniana.
 
 Querem descomunizar a Ucrânia, então devolvam a Galícia à Polónia, a Crimeia à Turquia e do Donbass até à Transnístria à Rússia, incluindo Kharkov. Entre 1654 e 1917 apenas a região de Kiev e toda a região de fronteira com a Bielorrússia era considerada Ucrânia. Mas a Ucrânia não era sequer uma província, era uma região Russa. Daí que, querem “descomunizar” a Ucrânia? Acabem, com ela, porque quem criou o país, como país autónomo foi Lenine e os Bolcheviques. 
 
Mas voltando ao parasita. Começando como um pequeno movimento na Galícia, logo o Partido nacionalista, que foi assumindo vários nomes acabou por dominar toda a Ucrânia com excepção do Donbass, que em 2018 já não votava. O PCU foi perdendo influência, dando espaço à reacção, que descamba na Revolução Laranja e na vitória de Yushenko. Nesta altura o país já estava dividido em dois, o movimento nacionalista ocidental e o partido das regiões que tinha absorvido o eleitorado do PCU e o PSU. 
 
O Partido das Regiões de Yanukovich que se propunha a “defender os interesses dos russos na Ucrânia”, volta a ganhar as eleições legislativas a partir de 2008 (4 anos após a Revolução Laranja), o que prova o imenso ódio aos russos que os ucranianos tinham e as presidenciais em 2010. Em 2014 dá-se o EuroMaidan, cuja instabilização já vinha de 2012. Em 2014, já com o partido das regiões destruído e desmobilizado e sem a força do PCU e PSU, foi fácil a Poroshenko voltar a ganhar. Zelinsky, que agora diz não ir fazer eleições tão cedo (para quê?), ganhou com o país já refém apenas de partidos de direita e extrema direita.
 
Assim, a história recente do tornado país “404” (designação de página vazia ou buraco na Internet), é a história de um parasita pró-ocidental, reaccionário que implanta uma farsa nacionalista, baseada em Bandera, que combatia pelos Nazis. E a farsa é tão grande que, nem a Galícia algum dia foi Ucraniana até Staline derrotar o nazismo, nem Bandera se sentia Ucraniano, pois, afinal, matou muitos e muitos. E matou-os porque era russófobo, tal como os seus seguidores de hoje. A história da Ucrânia é a vitória do parasita fascista sobre as forças democráticas. Mais uma vez, os EUA implantaram o fascismo para dominar um território.
 
E como foi possível a infecção? Bem, existem várias fases. Kuchma, cedendo às pressões pró-Ocidentais vindas do Oeste, acabou a aproximar-se das instituições internacionais ocidentais, que logo fizeram exigências eleitorais e outras. Com a sua saída de cena e a “Revolução Laranja” da CIA, é o próprio sistema de educação que começa a sofrer mudanças que foram integrando nos programas um manancial de informação anti-russa. A xenofonbia começa a ganhar força e é desse processo que surge a resposta russófona, o partido das regiões. Ou seja, a história deste parasita é também a história da divisão étnica e consequente purificação.
 
Perante esta história ninguém se pode admirar da criação das repúblicas populares no Donbass. Uma parte da população deixou de acreditar no estado sob o qual existiam. E esta desconfiança é o resultado de um processo de luta entre duas forças opostas, uma implantada a partir de oeste, que se vai estendendo e com o dinheiro da CIA e das ONG’s ocidentais, vai ganhando força e condições de disputar o poder com as forças políticas tradicionais. Os jovens, como se vê pela matança em nome do Tio Sam, são os mais infectados, pois são os que menos conhecem a história. E entre 2004 e 2014, a história eleitoral é um “tu cá – tu lá” até à erradicação, pela força e pela repressão, de uma das partes do país, concretamente, a russófona, órfã de uma intervenção Russa que competisse com a aposta ocidental. Vladimir Putin a tudo isto assistiu até ser tarde de mais para remediar o que quer que fosse. Não foi por falta de aviso do povo russo e do PCFR.
 
E porque razão apenas em 2004 se faz a revolução laranja? Primeiro, porque as condições não estavam reunidas, uma vez que a força do PCU era, ainda, muito grande. Com excepção da nunca Ucraniana Galícia. É de facto uma farsa enorme um país ter como berço ideológico uma região que nunca foi desse território. Uma peça de engenharia social excepcional.
 
Afinal, entre 1991 e 1999 os EUA e EU consideravam que tinham a Rússia nas mãos. O aparelho de estado estava em processo pilhagem compulsivo e a CIA tinha assessores nos gabinetes ministeriais. Com a entrada de Putin, os EUA não demoraram a perder a esperança no controlo directo e é aí que tiram a carta “404” do bolso. Já que não conseguimos destruir a Rússia por dentro, vamos seguir a teoria de Brezinsky, ou seja, a de que o controlo da Ucrânia é a chave para o controlo do continente Euroasiático. Instabilizando a Ucrânia, instabiliza-se a Rússia, esta entra em colapso e cai às nossas mãos.
 
O facto é que o osso é tão duro de roer como quantas as vezes o ocidente tentou tomar o país. Desde o século XII, todos os séculos e alguns duas vezes. Ou seja, quem paga é o Ucraniano, porque, hoje, os EUA, são tão cobardes e torpes que usam outros povos para fazerem as suas lutas. Daí que a contra-ofensiva esteja a ser mais um genocídio brutal, mas os EUA, a Zaluzny, apenas responderam: “já sabíamos que ia ser assim”, “mas é para continuar”. Pois, não são os filhos deles, e até ao último ucraniano ainda faltam uns quantos.
 
É este tipo de gente que o rebanho apoia! Este tipo de parasitas! Parasitas capazes de colocarem sociedades inteiras num processo de autodestruição. E ainda lhe chamam “democracia”!
 

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